
Jean Piaget (1896-1980)
Um pioneiro no estudo da inteligência infantil
           
 Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido    por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget passou grande    parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando seu    processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos    da Psicologia e Pedagogia.  
 
Sua Vida
 
Jean Piaget nasceu no dia 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na Suíça. Seu    pai, um calvinista convicto, era professor universitário de Literatura medieval.
 
Piaget foi um menino prodígio. Interessou-se por    História Natural ainda em sua infância. Aos 11 anos de idade, publicou seu primeiro    trabalho sobre sua observação de um pardal albino. Esse breve estudo é considerado    o início de sua brilhante carreira científica. Aos sábados, Piaget trabalhava    gratuitamente no Museu de História Natural.
 
Piaget freqüentou a Universidade    de Neuchâtel, onde estudou Biologia e Filosofia. Ele recebeu seu doutorado em    Biologia em 1918, aos 22 anos de idade.
 
Após formar-se, Piaget foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo experimental.    Lá ele freqüentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou como psiquiatra em uma    clínica. Essas experiências influenciaram-no em seu trabalho. Ele passou a combinar    a psicologia experimental - que é um estudo formal e sistemático - com métodos    informais de psicologia: entrevistas, conversas e análises de pacientes.

 Em 1919, Piaget mudou-se para    a França, onde foi convidado a trabalhar no laboratório de Alfred Binet, um    famoso psicólogo infantil que desenvolveu testes de inteligência padronizados    para crianças. Piaget notou que crianças francesas da mesma faixa etária cometiam    erros semelhantes nesses testes e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve    gradualmente.
 
O ano de 1919 foi um marco em    sua vida. Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a mente humana e começou    a pesquisar também sobre o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento    de Biologia levou-o a enxergar o desenvolvimento cognitivo de uma criança como    sendo uma evolução gradativa.
 
Em 1921, Piaget voltou à Suíça e tornou-se diretor    de estudos no Instituto J. J. Rousseau da Universidade de Genebra. Lá ele iniciou    o maior trabalho de sua vida, ao observar crianças brincando e registrar meticulosamente    as palavras, ações e processos de raciocínio delas.
 
Em 1923, Piaget casou-se com Valentine Châtenay,    com quem teve três filhas: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931).    As teorias de Piaget foram, em grande parte, baseadas em estudos e observações    de seus filhos que ele realizou ao lado de sua esposa.
 
Enquanto prosseguia com suas pesquisas e publicações de trabalhos, Piaget lecionou    em diversas universidades européias. Registros revelam que ele foi o único suíço    a ser convidado para lecionar na Universidade de Sorbonne (Paris, França), onde    permaneceu de 1952 a 1963. Até a data de seu falecimento, Piaget fundou e dirigiu    o Centro Internacional para Epistemologia Genética. Ao longo de sua brilhante    carreira, Piaget escreveu mais de 75 livros e centenas de trabalhos científicos.
 
Piaget morreu em Genebra, em 17 de setembro de 1980.
                Sua Obra

 Piaget desenvolveu diversos campos de estudos científicos:    a psicologia do desenvolvimento, a teoria cognitiva e o que veio a ser chamado    de epistemologia genética.
 A essência do trabalho de Piaget ensina que ao observarmos    cuidadosamente a maneira com que o conhecimento se desenvolve nas crianças,    podemos entender melhor a natureza do conhecimento humano. Suas pesquisas sobre    a psicologia do desenvolvimento e a epistemologia genética tinham o objetivo    de entender como o conhecimento evolui.
 Piaget formulou sua teoria de que o conhecimento    evolui progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que substituem    umas às outras através de estágios. Isto significa que a lógica e formas de    pensar de uma criança são completamente diferentes da lógica dos adultos.
 Em seu trabalho, Piaget identifica os quatro estágios    de evolução mental de uma criança. Cada estágio é um período onde o pensamento    e comportamento infantil é caracterizado por uma forma específica de conhecimento    e raciocínio. Esses quatro estágios são: sensório-motor, pré-operatório, operatório    concreto e operatório formal. 
 Fase 1: Sensório-motor
No estágio sensório-motor, que dura do nascimento    ao 18º mês de vida, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre    os objetos físicos que a rodeiam. Esse estágio se chama sensório-motor, pois    o bebê adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações que são controladas    por informações sensoriais imediatas.
 Fase 2: Pré-operatório
 No estágio pré-operatório, que dura do 18º mês aos    8 anos de vida, a criança busca adquirir a habilidade verbal. Nesse estágio,    ela já consegue nomear objetos e raciocinar intuitivamente, mas ainda não consegue    coordenar operações fundamentais.
 Fase 3: Operatório concreto
 No estágio operatório concreto, que dura dos 8 aos    12 anos de vida, a criança começa a lidar com conceitos abstratos como os números    e relacionamentos. Esse estágio é caracterizado por uma lógica interna consistente    e pela habilidade de solucionar problemas concretos.
 Fase 4: Operatório formal
 No estágio operatório formal    – desenvolvido entre os 12 e 15 anos de idade – a criança começa a raciocinar    lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela habilidade de engajar-se    no raciocínio abstrato. As deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio de    objetos concretos.
 No estágio das operações formais, desenvolvido a    partir dos 12 anos de idade, a criança inicia sua transição para o modo adulto    de pensar, sendo capaz de pensar sobre idéias abstratas.
 Conclusão:
 Em seus estudos sobre crianças,    Jean Piaget descobriu que elas não raciocinam como os adultos. Esta descoberta    levou Piaget a recomendar aos adultos que adotassem uma abordagem educacional    diferente ao lidar com crianças. Ele modificou a teoria pedagógica tradicional    que, até então, afirmava que a mente de uma criança é vazia, esperando ser preenchida    por conhecimento. Na visão de Piaget, as crianças são as próprias construtoras    ativas do conhecimento, constantemente criando e testando suas teorias sobre    o mundo. Ele forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como base de    muitas linhas educacionais atuais. De fato, suas contribuições para as áreas    da Psicologia e Pedagogia são imensuráveis.