OS MOVIMENTOS DO MUNDO EM DACAR : NOVOS DESAFIOS DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
O mais recente processo do Fórum Social Mundial que acontece em Dacar, Senegal, África, entre os dias de 06 a 11 de Fevereiro de 2011 aponta um marco de reflexões e sociabilidades que será a tônica das discussões e atividades que serão desenvolvidas por Movimentos Sociais, Organizações e ativistas de todo mundo, durante esses seis dias de convergências e diversidades.
O êxito e a participação representativa das diferentes nações africanas na Marcha de Abertura do FSM, nesse domingo, dia 06, nos mostrou a riqueza de nossa força de mobilização e de quanto importante a atuaçao dos movimentos sociais no atual momento de crise politica e econômica que rondam diversos paíes do mundo.
O FSM na África também aponta reflexões profundas sobre o tema das migrações, colonialismo e imposição da dependência econômica, agenda sistêmica que o mundo capitalista insiste ainda em exercer o seu papel dominador.
Uma breve visita a Ilha de Gorée, no Senegal, dia 07, dentro da programação do Dia de África e da Diáspora, nos relembra um passado assustador de escravagismo, torturas e violações aterradoras contra o ser humano. Localizada ao largo da costa senegalesa, a Ilha de Gorée foi durante vários séculos entreposto de comércio de escravos administrado por portugueses, holandeses, ingleses e franceses. Foi também de Gorée que vieram os escravos que se instalaram forçadamente no Brasil.
E nesse sentido simbólico de Gorée que o FSM 2011 e os ativistas de todo o planeta repudia qualquer tentativa de escravagismo, torturas, violaçoes e migraçoes forçadas ao ser humano.
Uma outra questão relevante foi levantada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua Conferência realizada no FSM também no ultimo dia 07. Diante de um Auditório extremamente lotado, Lula tocou em um ponto crucial em grande escalada no mundo que e a fome, a pobreza extrema e a insegurança alimentar. Lula ainda disse que, as revoltas populares que ocorrem no Norte da África e no Oriente Médio – segundo ele, sao causadas pela pobreza, pela dominação de tiranos e pela submissão das políticas internas à agenda das grandes potências. Essa e outras questões relacionadas ao colonialismo e a dependência econômica estão na pauta de debates das atividades do FSM em Dacar.
Sendo assim as discussões também trilham por um caminho de construção de alternativas baseadas numa agenda sustentável tendo como valores básicos um mundo de justiça ambiental e social. O modelo neoliberal, mesmo em crise, ainda e muito atuante no mundo, mas no lugar de trazer paz e crescimento econômico para a humanidade, só tem aprofundado o crescimento de problemas seculares ainda existentes como a fome, a ausência de moradia, a falta de serviços de saúde e educação e a escassez de água.
E no ambiente acolhedor e generoso do povo africano que o Fórum Social Mundial 2011 está reunindo milhares de ativistas sociais de várias regiões do planeta para auxiliar na criação de novos horizontes e novos marcos civilizatórios para uma nova ordem mundial com democracia social e participação cidada de homens e mulheres na plenitude de outro mundo possível.
Diante de tudo isso o FSM precisa ainda mais radicalizar a sua vocação de assembléia geral de todos os movimentos sociais do planeta em busca de soluções duradouras para o fortalecimento da dignidade e existência do ser humano pacífico e libertador.
Por Aluízio Matias dos Santos
(aluiziomatias@yahoo.com.br),ativista de Direitos Humanos, direto de Dacar, Senegal.
Artigo publicado no Diário de Natal em 09 de fevereiro de 2011.
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